ORAÇÃO DA SERENIDADE


Nas paredes de milhares de salas de reuniões de A.A., pode-se ver em pelo menos cinco idiomas, a seguinte invocação: Concedei-nos Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas da outras.
                Não foi A.A. que a criou. Diferentes versões têm sido empregadas através dos séculos por várias crenças, e essa é de uso corrente hoje em dia tanto fora de A. A. como dentro da Irmandade. Quer pertençamos a esta ou aquela Igreja, quer sejamos humanistas, agnósticos ou ateus, a maioria de nós achou nessas palavras um guia maravilhoso para alcançar a sobriedade, continuar sóbrio e desfrutar de uma vivência sóbria. Quer consideremos a Oração da Serenidade uma verdadeira prece ou apenas um desejo fervoroso, ela oferece uma receita simples para a vida emocional saudável.
                Pusemos uma coisa no alto da lista das cosias “que não podemos modificar”: nosso alcoolismo. Independentemente do que façamos, sabemos que amanhã não deixaremos, de repente, de ser alcoólicos, como não teremos anos 10 anos de idade ou mais 15 centímetros de altura.
                Não pudemos modificar o nosso alcoolismo. Mas não dissemos docilmente: “está bem, sou  um alcoólico. Acho que tenho de beber até morrer”. Havia alguma coisa que podíamos mudar. Não tínhamos de ser bêbados. Podíamos vir a ser sóbrios. Certamente isso exigia coragem. E foi necessário um lampejo de sabedoria para ver que isso era possível, que podíamos ser outros.
                Para nós esse foi o primeiro e o mais óbvio emprego da Oração da Serenidade. Quanto mais nos distanciamos do último gole, mais bonitas e mais carregadas de sentido essas poucas linhas se tornaram. Podemos aplicá-las a todas as situações cotidianas das quais costumávamos fugir direto para a garrafa... (Do Livro Viver Sóbrio).
                               “Mantenha a mente aberta”

DA INSATISFAÇÃO AO PRAZER


Ao olharmos, hoje, o Grupo Unificado, parcela significativa do A.A. cearense, volvemos o pensamento aos primórdios e vamos encontrar um  quadro de extrema dificuldade por que passavam os grupos da região oeste da cidade. Naquele período, existia uma grande insatisfação dos membros de A.A. com referência ao modo como eram tratados pelas pessoas não simpatizantes do nosso movimento, apesar da boa vontade de nossos senhorios, que infelizmente, não tinham total poder sobre aqueles que lhes representavam.
            Assim sendo, é que por diversas ocasiões, e que não foram poucas, tivemos problemas de demonstração de rejeição. Ora era no Grupo Nova Comunidade, que funcionava na Escola Vinícius de Morais, no Quintino Cunha, onde vivíamos o drama da incompreensão, sofrendo uma série de imposições e exigências, que iam contra os nossos princípios. Ora era no Grupo João Paulo II, que funcionava no Conselho Comunitário do Jardim Guanabara, na Rua Carlos Walravem, quando éramos tratados de maneira desrespeitosa – houve um período em que o acesso ao grupo ficou sendo feito pela Rua Carlos Gondim (fundos daquele estabelecimento) e quando alguém menos avisado ou esquecido, adentrava pelo portão principal, era informado que a entrada para reunião dos bêbados, era pela porta de trás. Em outras oportunidades tínhamos que cancelar as reuniões, por motivo de encontros sociais ali realizados. Ora era no Grupo Reformulação, que funcionava na Creche Pé no Chão, na Rua Pedro Sampaio onde éramos espezinhados pelo próprio vigia, que vez por outra, “perdia” a chave, até que um dia, já no final da permanência do grupo naquele local, iria acontecer uma reunião de esclarecimento sobre a Sétima Tradição e tivemos uma desagradável surpresa – a sala estava totalmente vazia. Não tinha uma cadeira sequer e o vigia não sabia em que local elas estavam, e, assim, fizemos a reunião todos sentados no chão, com uma ótima exposição do companheiro Walter, que serviu para alimentar, ainda mais, nosso desejo de autossuficiência.
            Tudo isto e mais algumas “coisinhas”, fizeram despertar em nós o desejo de emancipação e, então, formou-se uma comissão constituída pelos companheiros: Jataí, João Bosco e Jovanil, que passaram em torno de três meses indo aos referidos grupos, tentando conscientizar os companheiros da necessidade da união em torno da autossuficiência. Neste espaço de tempo, eram examinados prédios que atendessem aos nossos anseios – boas condições, boa localização e aluguel razoável, até que em Abril de 1993, houve consenso e foi alugado um imóvel no Conjunto Ômega II, para onde os Grupos se mudaram cada um mantendo o seu próprio nome. A Comissão de transição teve atividade definida por cerca de um ano. No começo foi difícil. Não tínhamos cadeiras, porém, foram adquiridas algumas usadas e sem padronização.  O companheiro Florêncio, em sua própria oficina, fez vários bancos grandes e rústicos que nos serviram prontamente. A cadeira do coordenador era composta por peças de duas cadeiras de diferentes formatos. Tinha um aspecto muito feio, mas atendia as nossas necessidades.   Com o passar dos dias, o Grupo adquiriu alguns bancos de ferro e madeira, do Centro Espírita André Luiz, a preço simbólico.
            No início, cada Grupo queria manter a sua identidade e autonomia, razão pela qual continuou com sua própria junta de serviços e todos com reuniões proporcionais por semana.
            Não tínhamos base financeira para fazer frente às despesas advindas da autossuficiência, por isto, foi criado um fundo de apoio denominado de GAF (Grupo de Apoio Financeiro), formado por voluntários que davam sustentáculos ao Grupo de forma simples e anônima, pois naquele sistema, não havia declinação de nomes e sim,   número para cada contribuinte espontâneo, que somente ele e o tesoureiro sabiam, para fins de prestação de contas com lisura e clareza.
            Naquele endereço, os Grupos chegaram a uma conscientização de unidade e com o objetivo de simplificar os trabalhos e diminuir o número de servidores, aderiram a unificação em 20 de Março de 1994, quando passou a ser Grupo Unificado e a contar de Abril daquele ano, se mudava para o atual endereço – Rua Rosinha Sampaio, 2042 – Quintino Cunha.
            Neste novo endereço, o Grupo Unificado, passou por momentos difíceis, porém, outros de muitas alegrias, pois soube com mestria superar as dificuldades, transformando-se no que é hoje – um ícone do A.A. cearense, e, por este motivo o Grupo Tiradentes o saúda em sua data magna e agradece a todos que o guiaram no passado e aqueles que agora mantêm acesa a chama da força de vontade, da perseverança e do amor ao próximo.

RECUPERAÇÃO, UNIDADE E SERVIÇO


INTRODUÇÃO
            O nosso tema de hoje, nada mais é do que as principais heranças dos setenta e cinco anos de Alcoólicos Anônimos, que são os Três Legados de A.A. Estes legados nós os encontraremos para fins didáticos no livro A.A. Atinge a Maioridade, baseado em três palestras de Bill W., quando do vigésimo aniversário da  irmandade. A primeira conta a história das pessoas e das correntes de influências que tornaram possível a recuperação em A.A., principalmente da vivência dos Doze Passos de A.A.. A segunda mostra a experiência de como foram recebidas as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos, que até hoje mantêm A.A. em unidade. E a terceira, como A.A. desenvolveu os Serviços que levam sua mensagem as mais longínquas paragens da terra, mas para isto era preciso uma coisa, a recuperação que é a base de tudo e por isto é primeiro legado de A.A.
RECUPERAÇÃO
            Quando bebíamos, tínhamos uma vida irregular. Éramos desacreditados por nossas ações. Não saldávamos os nossos compromissos. Éramos agressivos, indolentes, insolentes, não tínhamos fé e nem amor próprio. Fazíamos de nossas vidas eterno sofrimento para nós e para todos aqueles que nos cercavam com o seu amor. Era um desespero só. Muitos de nós bebíamos para dormir e acordávamos para beber. Não víamos nada a nosso redor. Nada nos preocupava. Tudo estava bom, desde que tivéssemos a nossa saída – o álcool. Metíamo-nos nas mais variadas confusões e tentávamos dar solução aos problemas dos outros, mas os nossos, nós não os víamos. Muitos de nós atingimos os mais variados tipos de fundo de poço que eu chamo de sarjetas.
            Sarjeta física – quando não cuidávamos com acerto do maior patrimônio que Deus nos deu, a vida, que em nossa matéria frágil, era agredida por doenças que poderiam ser evitadas.
            Sarjeta moral – quantos de nós não mentimos? Trazendo desgastes para a nossa imagem; tivemos problemas, com a justiça, cartórios, SPC e SERASA.  Tivemos o descumprimento da palavra, envolvimento com agiotas, prisões, detenções, brigas, ou éramos escorraçados dos locais em que estávamos?
            Sarjeta material financeira – desfazíamos de nosso patrimônio, vendendo ou trocando nossos bens por doses alcoólicas; ou deixávamos nossos salários, quando ainda os tínhamos, nos bares e comércios escusos e nos endividávamos sem responsabilidade.
            Sarjeta profissional – quantos de nós não perdemos o emprego, pela ausência de vontade de vencer?
            Sarjeta sentimental – quem de nós em algum momento da vida não se sentiu abandonado pelos seus entes queridos? Enquanto outros viam seus lares desfeitos?
            Sarjeta espiritual – muitos de nós já não tínhamos crença em nada.  Deus, era simplesmente um vocábulo, nada representava para alguns de nós, pois, queríamos nós mesmos desenvolver as atribuições divinas e nunca dava certo, é claro.
             De uma forma ou de outra, muitos de nós causávamos danos as nossas famílias. Maltratava-a com palavras e atitudes. Deixávamos que passassem privações, éramos sovinas. Quem de nós não escondeu dinheiro da família ou negava não tê-lo? Em outras ocasiões, simplesmente, não tínhamos mesmo, pois, o havia gasto até a exaustão. Quem de nós em algum momento não envergonhou a família com o nosso comportamento diferente dos outros? Situações estas que causaram traumas irreparáveis aos nossos filhos, esposas, pais e irmãos. Alguns de nós roubamos e até matamos na inconsciência do álcool. Éramos, portanto, um zero a esquerda. E Assim foi a nossa caminhada até chegarmos em A.A. e muitos de nós sem o desejo de querer parar de beber. Queríamos apenas encontrar uma fórmula de controlar a bebida. Mas éramos idealistas falidos.
            Mas quando se fala em recuperação, para muitos, basta para de beber e vir as reuniões e pronto. Tudo como em um passe de mágica está resolvido. Mas na realidade, ao aqui chegarmos, encontramos nossos padrinhos e companheiros ávidos para nos dar segurança, compreensão e amor. Mas eles nos disseram da necessidade de nossa vontade, pois iríamos fazer um programa de fé, de renúncia, de tolerância, de aceitação, de paciência, de humildade, de honestidade e acima de tudo de amor. E tudo estava em nós. Era preciso que tivéssemos a chave da boa vontade e a mente bem aberta para termos uma nova modalidade de vida. Então nos disseram da necessidade de crescermos espiritualmente e para isto, nos apresentaram os Doze Passos de A.A., onde com certeza, encontraríamos a solução de todos os nossos problemas. Ali aprenderíamos a fazer uma reformulação de vida, modificando nossos pensamentos e conceitos. Ali sim começaríamos a nossa verdadeira recuperação.
            A nossa recuperação individual vai se solidificando na medida em que aprendemos a lidar com os problemas de ordem moral e espiritual:
            - Admitindo a nossa impotência perante o álcool e que tínhamos perdido o domínio de nossas vidas. O que significa a derrota total;
            - Acreditando em um Poder Superior a nós mesmos e entregamos a ele a nossa vontade e a nossa vida;
            - Fazendo um inventário moral de nós mesmos e admitindo perante Deus, perante nós mesmos e a outro ser humano a natureza de nossas falhas;
            - Nos prontificando a deixar que Deus remova esses defeitos de caráter e rogamos que Ele nos livre de nossas imperfeições;
            - Fazendo uma relação das pessoas a quem tínhamos prejudicado e fazendo reparações diretas, sempre que possível.
            - Reativando sempre o nosso inventário moral e admitindo nossos erros;
            - Meditando e orando para melhorar nosso contato consciente com Deus, e
                        Enfim, aprenderíamos a perdoar e a pedir perdão; a entendermos ao nosso próximo; a dividir responsabilidades e a buscar a todo custo a humildade, a paz e o amor ao próximo. Com a prática destes princípios criaremos a necessidade de levarmos esta mensagem a outros sofredores que no futuro serão os nossos líderes e conosco trabalharão a coisa mais preciosa para a sobrevivência do Grupo, que é a
UNIDADE
             Ela nos é estabelecida pela prática das Doze Tradições, que é a nossa cartilha de convivência entre nós e para com a sociedade. As Tradições são frutos de erros e acertos que redundaram em experiência. Nós sabemos que por sermos seres humanos, temos muitos defeitos individuais e consequentemente, que nossa Irmandade, enquanto sociedade, ainda tem muitas falhas que nos ameaçam continuamente.
             As Tradições nos ensinam a necessidade de deixarmos o orgulho e ressentimento de lado, para que o grupo floresça.
            Elas pedem pelo benefício do Grupo, bem como pelo benefício pessoal.
            Elas pedem para nunca usarmos o nome da irmandade na busca de poder pessoal, fama ou dinheiro.
             As Tradições garantem a igualdade de todos os membros e a independência de todos os grupos.
             Elas nos mostram como podemos funcionar melhor em harmonia como um todo e como nos relacionar, uns com os outros e com o mundo lá fora.
             Em consideração ao bem-estar de toda nossa irmandade, as Tradições pedem a cada indivíduo, cada grupo e cada setor de A.A. que ponham de lado todos os seus desejos, ambições e ações inconvenientes que possam causar sérias divisões entre nós ou a perda de confiança que nos deposita o mundo todo
            As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos simbolizam a caracterização de sacrifício de nossas vidas em comum e elas constituem a maior força de unidade que conhecemos.
            No que tange a unidade, a Tradição mais específica é a Primeira que nos diz: “Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de A.A.”.  É provável que nenhuma sociedade valorize tanto o bem-estar pessoal dos membros como faz A.A. e há muito tempo aprendemos que o bem-estar comum deve vir em primeiro lugar; sem isso haveria muito pouco bem-estar pessoal.
            No princípio nos sentimos mais ou menos como Eddie Rickenbacker e sua tripulação, quando o avião em que viajavam caiu no Pacífico. Eles foram salvos da morte, mas se viram flutuando num mar muito perigoso. Não havia dúvida em suas mentes de que o bem-estar comum vinha em primeiro lugar. Ninguém ousava balançar a balsa, a fim de que todos não fossem colocados em perigo. O pão e água eram repartidos igualmente; não havia glutões.
            O nosso caso era muito parecido com esse, mas alguns de nossos membros doentes e negligentes balançaram a balsa, e isso nos deixou em pânico.
            O principal temor era o de deslizes e recaídas. 
            Outro grande temor foi o dos romances fora do casamento.
            Mas com paciência e bondade, as situações foram pouco a pouco se modificando. Hoje, já não nos mete medo.
            Mas como outras sociedades,  nós de A.A., logo descobrimos que havia forças entre nós que poderiam nos ameaçar de uma maneira que o álcool e sexo não poderiam. Eram elas:
            - Desejos de poder – Domínio – Fama – Dinheiro.
                        Essas forças eram mais perigosas, porque eram invariavelmente motivadas pela hipocrisia, autojustificação e poder destruidor da raiva, que geralmente se disfarça como indignação justificada.
            O orgulho, o medo e a raiva são os inimigos fundamentais de nosso bem-estar comum. O verdadeiro companheirismo, a harmonia e o amor, fortificados pelo conhecimento claro e práticas corretas, são as únicas respostas. E o propósito dos princípios tradicionais de A.A. é levar essas forças ao máximo e mantê-las aí. Somente então pode nosso bem-estar comum ser alcançado; somente então pode a Unidade de A.A. tornar-se permanente. Sempre que eu falo em Unidade, me lembro do Grupo Santa Rita de Cássia de Nioaque – MS que alterou o nome para Rita de Cássia com o propósito de respeitar sugestões e se manter dentro das Tradições; onde no começo falava-se duas horas por falta de oradores; limpeza coletiva das instalações que nos abrigava, quando todos do Grupo participavam alegremente, inclusive com refeições; condução da mensagem nas aldeias indígenas; reunião do comitê, quando todos viajavam sem conforto somente para participar do encontro dos RSGs; visitas aos próprios membros na busca de solidificar a amizade individual, dentre outras coisas.
            Como vimos ali naquele grupo Rita de Cássia, existia uma grande compreensão entre os companheiros e muito trabalho para que o grupo crescesse e a esse trabalho, nós chamamos de
SERVIÇO
Em A.A. quando falamos em serviço, logo salta a mente os encargos de junta de serviços de grupos, comitês, setores, áreas e daí para frente, que são os servidores escolhidos através do voto.
            Ocorre que o Décimo Segundo Passo de A.A., levar a mensagem, é o serviço básico que a nossa irmandade oferece. É o nosso principal objetivo e a razão primordial de nossa existência.
            A.A. é uma sociedade de recuperados em ação. Precisamos levar a mensagem de A.A.,caso contrário, nós mesmos podemos cair e aqueles a quem não chegou ainda a verdade podem morrer. Por isto, dizemos que em A.A., ação é a palavra mágica. A ação de levar a mensagem de A.A. é, portanto o coração de nosso terceiro legado – o Serviço.
            Mas o que é o serviço em A.A.?
            Um serviço em A.A. é qualquer coisa que realmente nos ajude a alcançar companheiros que estão sofrendo.
            A publicidade que permite ao provável membro entrar em contato conosco, o carro no qual o transportamos, a gasolina que gastamos, as xícaras de café que lhe pagamos – todas essas ajudas foram necessárias para fazer nossa visita possível e eficiente. E isso é só o começo. Nossos serviços envolvem locais de reuniões, cooperação com hospitais, escritórios de intergrupos, folhetos e livros. Os serviços podem precisar de comitês, delegados, custódios, conferências, encontros, seminários, simpósios, etc. Tudo isso incluem pequenas contribuições voluntárias em dinheiro para que o grupo, a área e A.A. como um todo possam funcionar. Os serviços abrangem, desde a xícara de café até a Sede de Serviços Gerais para a ação nacional e internacional. A soma de todos esses serviços é o Terceiro Legado de A.A.. Tais serviços são absolutamente necessários para a existência e crescimento de A.A.. Mas, companheiros já pensaram em simplificar todo esse trabalho, pois seria maravilhoso não se ter preocupações, nem políticas, nem despesas e nem responsabilidades! Quem iria abrir a sala, fazer o cafezinho, coordenar a reunião ou tomar conta do dinheiro? Mas isso é apenas um sonho acerca da simplicidade; isso, na verdade não seria simplicidade. Sem seus serviços essenciais, A.A. se converteria rapidamente numa anarquia disforme, confusa e irresponsável.
            Aqui não quero me prender aos serviços eletivos de grupo ou de outros setores, por entender que sabemos da necessidade desses serviços para a o bom funcionamento dos mesmos e que para isto, existe o Manual de Serviços que trata especificamente de cada encargo, mas quero trazer à baila a nossa responsabilidade quanto ao serviço, seja qual for. Se nós o assumirmos, deveremos ter consciência de que é através daquele simples serviço, que poderemos ajudar aqueles que nos procuram com os seus problemas. Portanto, varrer a sala, limpar as cadeiras, ligar um ventilador, fazer e servir o cafezinho, coordenar a reunião, representar o grupo, distribuir panfletos, e até contribuir com sacola dentre outros, são serviços igualmente importantes, pois visam à concretização do Décimo Segundo Passo, que é o maior de todos os serviços de A.A.

COMITÊ DE DISTRITO SOARES MORENO A.A. UM CAMINHO SEM FRONTEIRA – UMA MENSAGEM UNIVERSAL


Sabemos que em A.A. não fazemos discursos, simplesmente falamos a respeito das nossas próprias experiências e das experiências daqueles que nos cercam, ou seja, transmitimos a mensagem ao alcoólico que ainda sofre (5º Tradição). Não podemos falar deste tema sem voltar um pouco no tempo. No início de A.A., quando aconteceu a primeira abordagem do Ebby ao Bill.  Quando Bill estava internado no hospital Charles B., no Central Park, o Dr. Sikwort pensou que ele pudesse ali se recuperar. Mas, o Dr Silkwort com sua maneira  gentil, tentava transmitir a Lois (esposa de Bill) as más notícias que tantas mulheres e maridos têm recebido. Bill era um caso sem esperança. Que a maneira de beber de Bill tinha se tornado um hábito, uma obsessão, uma verdadeira loucura que o induzia a beber contra o seu desejo. Em setembro de 1934, depois de muitas internações, que duraram cerca de dois anos, foi que Lois e Bill ficaram sabendo pelo médico, qual era realmente o seu estado. Depois de deixar o hospital naquele mesmo mês, Bill se manteve sóbrio durante algum tempo, devido a um grande medo e vigilância constante. Mas no dia da comemoração anual do armistício de Compiègne, (tratado assinado em 11 de novembro de 1918 entre os países aliados e a Alemanha por ocasião da primeira grande guerra), as coisas desabaram. Bill voltava a beber. Certa tarde, Ebby telefonou para Bill, dizendo que não estava mais bebendo e que tinha religião, o que deixou Bill boquiaberto. Ebby falou que estava se encontrando com um grupo de pessoas dentro do Grupo Oxford (grupo de religiosos absolutistas), apesar de não concordar com tudo que eles ensinavam. Falou que tinha de admitir o quanto estava derrotado, devendo fazer um inventário de si mesmo e confessar suas falhas/defeitos a outra pessoa, em confidência. Aprendeu que precisava reparar danos que tinha causado a outros, que deveria encontrar uma maneira de dar de si mesmo, sem usufruir benefícios pessoais e que deveria orar para qualquer Deus, que achasse que tinha um Poder Superior. Ao levar a mensagem, Ebby não pressionou, nem evangelizou.
                Um dia, Bill estava bastante sensível e fez uma visita ao Grupo Oxford. Depois dessa visita, ele voltou a beber, o que o levou a mais um internamento, quando Ebby o visitou. Após esta visita, Bill teve um despertar espiritual, chamando por Deus e entregando sua vida aos seus cuidados. Conversando com o Dr. Silkwort sobre a visão que teve, foi esclarecido por ele de que não estava louco, mas que algo tinha acontecido, talvez, algum fato a nível psicológico ou espiritual. O Dr. Carl Jung já tinha comentado ao amigo de Ebby do Grupo Oxford, sobre o fundo de poço e o Dr Silkwort também já tinha falado a mesma coisa para Bill. Quando Bill leu o livro de William James – Variedades de Experiências Religiosas, chegou à conclusão de que somente o testemunho do Dr. Silkwort nunca iria fazer com que ele aceitasse completamente o veredicto, mas quando Ebby chegou e começou a falar com ele, a coisa deu certo.
                Em 1935, Bill perdeu o emprego na Companhia de Ferramentas, ficou decepcionado e entrou em pânico com medo de beber.  Estava só no hotel, quando se deparou com uma relação de igrejas e seus endereços. Telefonou para o Padre Episcopal Walter Tunks, mais tarde um grande amigo de A.A. e contou seu problema. O Padre percebeu a gravidade da doença de Bill e visualizou duas pessoas bêbadas, então entregou a Bill uma lista de dez pessoas que poderiam lhe orientar. Quando Bill começou a telefonar, para as pessoas, observou que algumas não estavam em casa e outras não estavam interessadas e davam desculpas. A lista ficou reduzida a um só nome que estava no final da relação – Srª Henrietta Seiberling. Depois de relutar um pouco, Bill telefonou e para sua surpresa, atendeu uma jovem, nora da Srª Henrietta. Bill falou do seu problema e que era do Grupo Oxford de Nova York. A jovem o compreendeu e falou que não era alcoólica, mas tinha tido problemas e que encontrou suas respostas nos Grupos Oxford. Então Bill contou a sua história e ela disse que conhecia uma pessoa que já tinha feito de tudo, mas queria parar de beber. (Dr. Bob). Assim, começava a história da formação de Alcoólicos Anônimos. Henrietta  telefonou para a esposa do Dr. Bob, falando a respeito de Bill,  um alcoólico de Nova York que desejava falar a respeito do problema de bebida. Era o dia das mães e o estado do Dr. Bob não era nada bom. Antes de ir conversar com o Dr Bob, o Dr. Silkwort já tinha o alertado de seus fracassos nas abordagens, porque Bill estava pregando aos alcoólicos. Portanto o dia 10 de junho de 1935 foi o dia em que o Dr. Bob bebeu pela última vez, sendo considerado o dia da formação de Alcoólicos Anônimos, com Bill e Dr. Bob sendo seus idealizadores.
                Não podemos deixar de registrar a gratidão eterna que os AAs têm para com Henrietta Seiberling, que foi quem uniu o Dr. Bob a Bill.  Das dez pessoas que tinham sido indicadas pelo Clérigo Walter Tunks, Henrietta foi a única que compreendeu e se interessou o suficiente. Bill trabalhou com alguns alcoólicos nos Grupos Oxford, outros na missão do calvário e alguns no Hospital Tows do Charlie.
                Em 1937 Alcoólicos Anônimos já tinha a conclusão de que quarenta alcoólicos estavam sem beber, ficando claro que essa mensagem um dia iria dar a volta ao mundo. Mas essa preciosa experiência estava ainda nas mãos de poucos. Com o crescimento de Alcoólicos Anônimos, começaram a surgir as dúvidas. Precisaria que todo alcoólico viesse à Nova York ou a Akron para se recuperar? Não, isso nunca se conseguiria, seria impossível. Como poderíamos difundir nossa mensagem? (5ª Tradição e 12º Passo). Os alcoólicos mesmo sóbrios estão longe de serem pessoas adultas. Todos nós ainda poderíamos ser pessoas extravagantes. Poderiam as forças que por todas as partes dividem as sociedades, nos invadir e nos esmagar, assim como tinham invadido e destruído o promissor Grupo de Washington, movimento que tinha agrupado alcoólicos há mais de um século atrás. Como poderíamos permanecer juntos em nossa nova filosofia de vida, cujas experiências obtidas da medicina, da religião e de nossas próprias experiências, se não poderíamos crescer com firmeza? Para que Alcoólicos Anônimos fosse um caminho sem fronteiras se tornando uma mensagem universal sem preconceitos, foi desenvolvida uma série de princípios pelos quais vivemos e trabalhamos unidos, bem como nos relacionamos, como  Irmandade, com o mundo que nos cerca.  Esses princípios são chamados de Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Elas representam as experiências oriundas do passado e hoje nos apoiamos nelas para nos manter em UNIDADE. Claro que o pioneirismo de A.A. não parou e hoje nos sentimos seguros enquanto Irmandade, graças a dedicação dos nossos fundadores e amigos. Esses detalhes da história de A.A. através do mundo revelam a distância que A.A. tem percorrido deste o outono de 1937, quando Dr. Bob e Bill olharam para o futuro com certa apreensão. Naquele tempo, tinha somente o programa por informação verbal, que era a essência da fórmula para alcançar a sobriedade que Ebby tinha dado a Bill. Os serviços mundiais eram somente um sonho. Os Doze Passos de A.A., ainda não tinham sido escritos e o livro Azul era apenas uma ideia. Os serviços mundiais eram, também, mais um sonho. Muito mais poderia ser contado a respeito da mensagem de A.A. chegar aos lugares mais distantes de suas frentes pioneiras. Atualmente há Grupos na Índia e até na Tailândia. Um professor Hindu conseguiu a sobriedade graças à tradução dos Doze Passos.
                Não podemos esquecer a importância dos profissionais que nos ajudaram no início. Em setembro de 1939 o editor da revista Libert, Sr. Fulton Ousler, publicou um artigo chamado “Os Alcoólicos e Deus”; após o jantar com o Sr. Rockefeller em 1940, chegaram muitos pedidos de ajuda. Mas o grande fluxo de pedidos foi em 1941, quando apareceu o artigo de Jack Alexander, no Saturday Evening Post e em 1942 com a ajuda de companheiros e a compreensão de amigos de A.A. foi formado o primeiro grupo de A.A. em prisão, na cidade de Sant Quentin.
                Nas Tradições de A.A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas falhas. Confessamos que temos determinados defeitos como sociedade e que eles nos ameaçam continuamente. As Tradições nos orientam para melhorar nossa maneira de levar a mensagem. No vigésimo aniversário de A.A. estava hasteada uma bandeira com um círculo contendo um triângulo, que representa até hoje, os três Legados de A.A.: RECUPERAÇÃO, onde tudo se baseia e da qual tudo depende. UNIDADE, que tem um enorme significado para o nosso futuro e SERVIÇO, onde o Décimo Segundo Passo é o maior de todos os serviços de A.A. Esta é a razão pela qual dizemos tão frequentemente que ação é a palavra mágica. Ação para levar a mensagem universal.
                Não podemos deixar de registrar o nosso reconhecimento aos amigos da medicina que em suas observações eficazes e cheias de fé, acompanhadas de dedicação e ações construtivas e desinteressadas, nos ajudaram durante estes setenta e cinco anos de existência. Desde o inicio o Dr. Silkwort, outros médicos e associações, nos deram suas aprovações. Dr Foster Kenend, neurologista, Dr. G. Kirby Collier, Dr. Harry M. Tiebout, Dr Johon F. Stouffer, psiquiatras, falaram que A.A. era um grupo de pessoas que vivem independentemente e que obtém os melhores resultados seguindo orientação de sua própria filosofia. Em 1946 falando pela rede NRC, sob os auspícios da Associação Médica Americana, O Dr. W. Bauer fez a seguinte declaração: “Os Alcoólicos Anônimos não são missionários, nem associação antialcoólica. Eles ajudam outros que tenham problemas semelhantes”. Em 1951, o Prêmio Lasker (concedido pela Lasker Foundation, desde 1946, a pessoas que realizaram contribuições significativas a medicina ou que realizaram serviços públicos notórios em medicina), foi concedido a Alcoólicos Anônimos, em reconhecimento pela maneira singular com que vem atacando esse problema social da humanidade. Reconhecemos, também, os clérigos de praticamente todas as religiões, que concederam suas bênçãos a A.A.. A revista episcopal THE LIVING CHURCH escreveu o seguinte editorial: “A base técnica de Alcoólicos Anônimos é o princípio verdadeiramente cristão segundo ao qual um homem não pode ajudar-se a si mesmo, a não ser ajudando aos outros”.
                À medida que a mensagem de A.A. tornou-se um fenômeno notável de recuperação, alcançou um número cada vez maior de pessoas. Em cada um dos países em que a semente de A.A. foi plantada, houve uma explosão de traduções da nossa literatura básica para inúmeros idiomas. O livro Azul está traduzido em quarenta idiomas. Amplas mudanças na sociedade como um todo, se refletem em novos hábitos. Aproveitando os avanços tecnológicos, os membros de A.A., atualmente que dispõem de computador, participam de reuniões em internet, compartilhando experiências com outros alcoólicos de todo o país e do mundo inteiro. Como a mensagem de Alcoólicos Anônimos será sempre um caminho sem fronteiras, graças a essa mensagem universal, em 1945, um membro viajante norte-americano de nome Bob Valentine, amigo de Bill W., de passagem pelo Rio de Janeiro, então Capital do Brasil, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após uma conversa com Bob Valentine, Lynn encontra a sobriedade. A Fundação do Alcoólico era a responsável direta pela correspondência de Alcoólicos Anônimos com a sociedade e o elo entre a correspondência de seus membros. Portanto, em 05 de setembro de 1947, foi fundado o A.A. no Brasil. Em 1962, o médico cearense Vinício M. em convalescença e ainda afastado temporariamente das suas funções profissionais, por licença de saúde para tratamento de desintoxicação hospitalar, em clínica do Rio de Janeiro, concentra a sua atenção em matéria da Revista Brasileira de Medicina e envia correspondência para o General Service Office – G.S.O., em Nova Yorque (EUA), tornando-se assim, o primeiro membro solitário de A.A., com endereço completo em Fortaleza, Capital do Estado do Ceará, conforme consta no Catálogo Mundial (World Directory), então editado anualmente pelo G.S.O. Inscrito no Catálogo Mundial, Vinício M. passa a receber visitas de AAs. estrangeiros e brasileiros, de passagem por Fortaleza. Seu endereço tornou-se ponto de referência para viajantes da Irmandade. Em três de outubro de 1967, ingressa em A.A., no Rio de Janeiro, o companheiro cearense Gladstone. De volta a Fortaleza, Gladstone entra em contato com Vinício. Trabalhando juntos, levam a mensagem de A.A., notadamente no centro de Fortaleza e no dia vinte e sete de junho de 1968 foi realizada, no auditório do Centro de Saúde, na época, existente na Praça José de Alencar, uma reunião pública e nesta foi fundado o A.A. no Ceará. Portanto, A.A. é um caminho sem fronteira – uma mensagem universal.

SERÁ QUE O SERVIÇO ESTÁ CAINDO DE MODA?


             Estamos vivendo uma época em que as pessoas de A.A. andam meio que confusas com relação a serviços X sobriedade.
                Sobram encargos e faltam pessoas dispostas a assumirem os trabalhos da nossa Irmandade.
                Falta de responsabilidade, diria um membro muito querido da Irmandade que crise de responsabilidade estamos vivendo! Como está cada vez mais difícil encontrar membros para assumirem determinados encargos. Infelizmente essa dificuldade já começa no grupo e passa por todos os órgãos de serviço.
                Sei que para muitos de nós isso até já chega a ser injusto, pois felizmente temos gente de "chegar junto" e que não deixa a peteca cair. Graças a esses companheiros, A.A. continua firme e progredindo. Saudosismo, diriam alguns. Cadê aquela empolgação toda pelo dar de graça o que de graça nos foi dado? Onde anda aquela atitude de solidariedade, do "Espírito de Servir" de Alcoólicos Anônimos que tanto se falava lá atrás? Sim, falava-se, pois hoje alguns até falam, embora com uma timidez de dar dó! Será que serviços só podem ser praticados por alguns poucos privilegiados, dizem alguns de nós? Onde se fecha o círculo nessa estória? Nosso lema não é  Recuperação, Unidade e Serviço?
                Será que o serviço caiu de moda? Será que as coisas acontecem por si só, sem ninguém para executar as tarefas? Ou será que não precisamos de mais ninguém para fazer A.A. funcionar? O incrível de tudo isso é que a dificuldade não está só no grupo. Os órgãos de serviços enfrentam a mesma dificuldade ou até maior e mais perversa, pois se espalhou uma inverdade, que trabalhar ali é bastante difícil.
                Essa afirmação pode parecer exagerada, diriam uns, mas a verdade é que estamos falhando em formar novos servidores em A.A. As lideranças estão tendo dificuldade em apadrinhar novos servidores para assumirem as tarefas.
Eu estou incluso nessa situação, pois sinto uma enorme dificuldade em passar para as pessoas novas o quanto foi bom para eu prestar serviço, o quanto me ajudou e o quanto continua me ajudando.
                Parece-me que prestar serviço deixou de ser aquela coisa prazerosa e que tanta satisfação me dava lá atrás.
Lembro-me perfeitamente que me senti tal qual uma criança em descobrimento, quando tive a oportunidade de prestar o meu primeiro serviço em Alcoólicos Anônimos. Imagine eu, que nem sequer sabia "esquentar água", de repente ser eleito para fazer café para um povo que bebia café o tempo todo! Cada um tinha o gosto diferente; uns gostavam mais amargo, outros um pouquinho mais doce, e por aí vai. Exigentes ao extremo, segundo minha ótica de "novato". Seria um desafio e tanto agradar esse povo, concluí. Tão logo fiz o primeiro café, lá passava eu, cheio de expectativas, pronto para levar as "bordoadas", que afinal nem vieram. O que aconteceu foi que alguém se "achegou" a mim, nem me lembro quem, elogiou o café e deu-me algumas dicas para melhorar "aquilo", e logo estava eu integrado ao time.
E a primeira coordenação? Com que ansiedade eu aguardei o dia de "minha" primeira reunião coordenando! Após a eleição (que quase sempre o novo ganha com estrondosa maioria de votos e comigo não foi diferente), a expectativa era arrepiante. Como será que esse povo vai aceitar alguma falha minha? Será que conseguirei dar conta do recado? Essas e tantas outras perguntas povoaram minha mente antes da estréia.
                Recordo-me que a empolgação era muita, pois o grupo, através das lideranças, induzia-nos a querer prestar serviços, passava a noção exata de como era boa e importante a prestação do serviço. Lembro-me perfeitamente o quanto eram disputadas todas as reuniões.
                Algumas reuniões do grupo chegavam a ter cinco e às vezes mais candidatos. As únicas exceções aconteciam quando algum novo entrava na disputa - aí seria entrar para perder. Na verdade, nossas trocas do Comitê de Serviços Rotativo mais pareciam uma festa. Passava-se a idéia de que prestar serviços, antes de uma obrigação, era algo que nos dava uma imensa satisfação. Servir, essa era a idéia. Não que hoje essa verdade não valha mais, mas deixou-se de falar. Parece que caiu em desuso. Quem presta serviços hoje, parece fazê-lo por "obrigação", do tipo: se eu não fizer o grupo "fecha" (ou o órgão de serviço). Falta o "espírito de A.A.", aquele em que acreditaram os nossos fundadores e que tantas vezes ouvi os "velhos mentores" falarem no grupo.
                Acredito que a Irmandade precisa de todos nós, para demonstrarmos com toda a  clareza do que somos capazes, o quanto o Serviço é importante para a Recuperação e, por conseguinte, chegar-se finalmente à Unidade, completando o círculo da maravilhosa programação de Alcoólicos Anônimos.
FONTE: REVISTA VIVÊNCIA Nº 75 – JAN-FEV/2002


CARATERÍSTICAS DE UM LIDER EM ALCOÓLICOS ANONIMOS


LIDERANÇA: Segundo Bill W.

            “ A.A. tem uma verdadeira liderança? A resposta é: Sim, embora não pareça.”
( A.A. Atinge a Maioridade – Página 110)
            Todo líder em A.A. é um padrinho em potencial. E acrescenta que esses se dividem em duas classes: o “velho mentor” e o “velho resmungão”. O velho resmungão é o membro que permanece convencido de que o grupo não pode caminhar sem ele, que constantemente ”mexe os pauzinhos”. No fundo é um poço de autopiedade. Já o velho mentor, percebe a sabedoria das decisões do Grupo. Não guarda ressentimento por ter perdido seu status e está sempre disposto a compartilhar suas experiências quando solicitado. Espera com paciência os acontecimentos do Grupo. Quase todos os membros já passaram por essas duas fases. O tempo os faz pender para um lado ou para o outro. A verdade é que muitos, após as dores do crescimento se tornam ESTADISTAS.
            Bill W. disse ainda que a verdadeira e duradoura liderança de A.A., está naquele que exercita a opinião serena, o conhecimento seguro e mantém o exemplo de humildade. São aqueles que não pressionam pelo mandato. Eles lideram pelo exemplo.

            Há um ditado que diz: Os grandes líderes não nascem prontos, eles são formados com o tempo. Isso nos dá a esperança de que depois de entender as doze características de um líder em Alcoólicos Anônimos, você possa trabalhar isso sozinho e construir o  perfil para a liderança.

            Destacamos algumas características do líder que saber influenciar as pessoas que estão ao seu redor e principalmente motivá-las no grupo para alcançar o nosso objetivo final que é levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
           
1.      Os líderes em A.A. estão sempre melhorando através do programa de recuperação. Eles entendem que as coisas estão em constantes mudanças e que tudo a sua volta está em movimento, inclusive, ele próprio  muda a cada dia, em movimento de crescimento e esta evolução trás mudanças positivas na forma dever o mundo.(Isto é RECUPERAÇÃO).

2.      Grandes líderes incentivam os companheiros a praticar o programa de recuperação para se tornarem melhores. As pessoas querem fazer o melhor por causa de sua liderança, pois, vêem que os resultados são positivos e inspiradores.
         (chamamos isto de ENTUSIASMO).

3.      Os líderes em A.A. se concentram na essência da segunda tradição, são apenas servidores de confiança – não tem poderes para governar, lideram pelo exemplo. Isso os leva a valorizar os pontos fortes das pessoas e não as suas fraquezas. Todo mudo tem algo de bom e bons líderes sabem como destacar isso em uma pessoa. (EXEMPLO).

4.      A qualidade mais preciosa que a sociedade de Alcoólicos Anônimos tem é a                                        unidade. As nossas vidas e as daqueles que estão por vir, dependem diretamente dela. Ou permanecemos unidos ou A.A. morre. Sem unidade, o coração de A.A deixaria de bater. Os lideres em A.A. precisam ter visão de futuro. Observando sempre os anseios da consciência coletiva. (VISÃO).

5.      Acreditamos que não existe no mundo outra irmandade que cuide de cda um dos seus membros com tanto carinho; certamente que não há nenhuma que guarde mais ciosamente o direito de cada indivíduo pensar, falar e agir livremente. Nenhum A.A. pode obrigar outro a fazer o que quer que seja. Tratar as pessoas com respeito e importância é uma técnica que trabalha para isso (EQUILÍBRIO).

6.      Grandes líderes são auto motivados. Eles entendem que haverá altos e baixos e muitas críticas, às vezes pesadas e de longa duração. Isso é um duro teste. Jamais podem deixar de ouvi-los atenciosamente. Eles permanecem com o pensamento positivo e não se deixam desanimar pelos problemas externos. (TOLERÃNCIA).

7.      Os líderes de A.A em todos os níveis devem ser tolerantes, responsáveis e flexíveis. Os princípios serão os mesmos, seja qual for o tamanho da responsabilidade. Pensam antes de falar e somente falam o necessário, pois, liderar é falar a coisa certa na hora certa. (HUMILDADE).

8.      Os líderes devem entender que um regente de uma orquestra não é necessariamente bom em finanças e previsões. Portanto, A.A. deveria selecionar essa liderança na base de obter o melhor talento que podemos encontrar. (HONESTIDADE).

9.      Os líderes em A.A. devem sacrificar o próprio ego para que os princípios estejam sempre acima das personalidades. Eles se preocupam com os outros em vez de focar as luzes para si. Passam despercebidos na equipe e sempre valorizam os resultados do grupo. (ANONIMATO).

10.  Grandes líderes são grandes mentores. Eles sabem como passar o conhecimento para seus companheiros, desenvolvendo-os e fazendo com que colham bons frutos, como ele colheu com o desenvolvimento da sua recuperação. (APADRINHAMENTO).

11.  Os líderes em A.A. gozam do privilégio de um tradicional direito de decisão de acordo com sua interpretação. Haverá sempre uma autoridade suprema suficiente para corrigir qualquer ineficiência, deficiência ou abuso. (SABEDORIA).

12.  Bons líderes em A.A. existem em todos os cantos da Irmandade. É só procurá-los. E deve ser escolhido cuidadosamente. Aos nossos líderes, sugerimos um programa que se baseia no princípio da confiança mútua. Confiamos em Deus, confiamos em A.A. e confiamos uns nos outros (CONFIANÇA).

            (Síntese da palestra do companheiro ALEXANDRE, Diretor Administrativo do ESL/CE, por ocasião do Encontro de Representantes de Serviços Gerais (RSGs) do Estado do Ceará, em 17 de outubro de 2010).